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O TRANSPORTE NA ERA DA LOGÍSTICA 4.0


A Distribuição Física

A distribuição é um fator chave na lucratividade das empresas, afetando diretamente tanto o custo da cadeia de suprimentos quanto a experiência do cliente. As atividades relacionadas ao transporte empregam quase 20 milhões de pessoas e são responsáveis por cerca de 16% do emprego ocupacional nos EUA. Os custos relacionados à distribuição podem chegar a 30% dos custos logísticos no Brasil.

O alto valor pago pelas empresas brasileiras está relacionado à falta de investimento em infraestrutura, tanto em novos quanto nos projetos já existentes. Outro ponto é a dependência do modal rodoviário, que responde por cerca de 60% dos serviços de transporte utilizados pelas empresas embarcadoras de cargas.

Segundo Chopra & Meindl (2011), uma rede de distribuição apropriada pode ser usada para alcançar diversos objetivos da cadeia de suprimentos, desde a redução de custo, até à alta responsividade. Como exemplo, empresas de um mesmo segmento normalmente selecionam redes de distribuição muito diferentes.

Chegamos então ao “trade off” fundamental para o transporte está na escolha entre o custo de transporte (eficiência) e a velocidade de transporte (responsividade), visto que a utilização de transportes rápidos aumenta a responsividade e o custo de transporte, mas reduzem o custo de manutenção de estoques.

Quando as empresas operam em uma cadeia de suprimentos, existem alguns componentes chave relacionados ao transporte que precisam ser observados:

Projeto da rede de distribuição – A empresa precisa definir se um determinado produto será transportado diretamente para o cliente final ou se passará por pontos de consolidação e distribuição intermediários.

Definição do modal de transporte – As empresas podem escolher entre diversos modais de transporte (Aéreo, rodoviário, ferroviário, aquaviário, dutoviário), atualmente bens de informação podem ser distribuídos pela internet. Cada modal possui características diferentes em relação aos custos, velocidade, capacidade de carga, flexibilidade e abrangência.

Análise de KPI’s – Para uma gestão eficiente do transporte é imprescindível o acompanhamento de algumas métricas importantes, como o custo de manutenção da frota, custo médio por Km, custo médio por embarque/ desembarque, custo por tonelada ou M³ transportado, etc.

A eficiência de qualquer modo de transporte é diretamente afetada por investimentos em equipamentos, pela infraestrutura, pelas políticas aplicadas ao setor e pelas decisões de operação do transportador, sendo que as decisões do transportador são afetadas pelos custos diretos e indiretos e pelo nível de serviço oferecido ao cliente.

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Fonte: Adaptado de Chopra & Meidl


Entendendo a Logística 4.0

A constante busca pela redução de custos e aumento nos níveis de serviço oferecidos aos clientes sempre foi um propulsor da indústria de transformação, e desde a primeira revolução industrial, em meados do século XVIII, na Inglaterra, o setor industrial vem na esteira das evoluções, sempre buscando se reinventar, e cada vez mais a indústria tem grande capacidade de se adaptar aos novos requisitos e exigências do mercado.

Afetando toda a ordem da economia e modificando nossa forma de fazer negócios, a chamada quarta revolução industrial transforma a sociedade e o estilo de vida dos indivíduos graças à combinação das maiores tendências em tecnologia.

A logística sempre foi uma área diretamente afetada pelas mudanças de mercado e pela evolução da indústria, desse modo, a Logística 4.0 pode ser definida simplificadamente, como uma evolução da logística tradicional, tendo em sua base a necessidade de aprimoração e investimento em tecnologia para aumentar a participação de mercado de uma organização.

Este conceito ganhou força após a quarta revolução industrial (a Indústria 4.0), cujo o foco é usar a tecnologia como a maior aliada do crescimento organizacional. Assim, a tendência é a de que os processos sejam automatizados, contribuindo para o aumento da produtividade e o ganho de eficiência nas operações, reduzindo custos e o retrabalho.

Isso se torna possível graças ao uso de diversas soluções tecnológicas, entre elas:

📷 Computação em nuvem “cloud computing”;

📷 Coleta e Armazenagem de dados “Big data”;

📷 Internet das coisas;

📷 Inteligência artificial;

📷 Gêmeo digital “digital twin”;

📷 Aprendizado das máquinas “machine learning”

O foco está em manter uma logística eficiente, mais rápida, conectada e inteligente, conectando todas as operações desde máquinas e transportadoras até os colaboradores. O uso das tecnologias da informação e comunicação pela logística 4.0 traz inúmeros benefícios para todos os envolvidos na cadeia de suprimentos, interligando clientes, indústrias, armazéns e transportadores para a troca de dados relevantes. Dentre entre estes benefícios estão:

📷 Maior integração entre os participantes da cadeia de suprimento;

📷 Redução nos prazos de entrega;

📷 Redução de estoques, evitando perdas e desperdícios;

📷 Otimização de espaços e de custos de armazenagem;

📷 Melhor aproveitamento das frotas e otimização de custos com transporte;

📷 Maior segurança da cadeia de fornecimento, evitando paradas em linhas de produção;

📷 Menor burocracia nos processos, elevando a produtividade e competitividade no mercado;

📷 Geração de grande massa de dados relevantes para apoiar as tomadas de decisão, cada vez mais assertivas e que possibilitam a melhoria contínua;

📷 Aumento das margens de lucro para as transportadoras e operadores logísticos;

📷 Aumento da satisfação dos clientes

Sistemas hospedados na nuvem podem ser acessados de qualquer lugar e visualizados simultaneamente por vários colaboradores, o que contribui para reforçar e disseminar o conhecimento.

Impacto da Logística 4.0 nos Transportes

Para atender a esta nova realidade da logística 4.0, as mudanças no setor de transportes deverão ocorrer na cultura organizacional da empresa. O compartilhamento de dados, informações em tempo real, e estratégias de operação devem ser o carro chefe dessa mudança.

A utilização de novas tecnologias não deve prescindir do capital humano, mas este deve ser requalificado e orientado para o novo cenário em questão. A inclinação no momento é a adoção de sensores e programas que interliguem máquinas, pessoas, redes, entre outros elementos da cadeia de suprimentos, formando um fluxo operacional autônomo e eficiente.

O mapeamento e a revisão de todos os processos, considerando desde já as novas tecnologias disponíveis torna-se imprescindível para as empresas que desejarem permanecer no mercado. A adoção de ferramentas de análise e revisão contínua como o PDCA irá fazer a diferença entre evoluir ou se tornar obsoleto no mercado.

Empresas de médio e grande porte não devem mais operar sem o auxílio de um completo software de TMS “Transportation Management System”, sob o risco de perderem eficiência no mercado. Já não é mais possível gerenciar um setor de transportes de forma eficiente apenas com as limitadas planilhas de Excel. A grande vantagem na utilização de um TMS é a possibilidade de compartilhamento de informações tanto com os diversos setores da empresa, como com os fornecedores e clientes externos. Essa comunicação em tempo real potencializa as tomadas de decisão, principalmente na ocorrência de eventos atípicos como problemas com roteirização e divergência em pedidos.

A conectividade e a IOT – “Internet das coisas” permite monitorar equipamentos e operadores de modo seguro e confiável. Se um veículo não está seguindo o trajeto planejado, o gestor pode intervir imediatamente sobre este evento. Dessa mesma forma, se um determinado motorista estiver apresentando médias de consumo de combustíveis ruins, ou padrões de condução inadequados, a tecnologia dos rastreadores integrados aos sistemas de gestão de frota permite avaliá-los individualmente por meio das análises e estatísticas.

Caso qualquer anormalidade ocorra na operação de transporte, como uma falha mecânica ou um roubo de carga, as novas tecnologias permitem não só a notificação à empresa e o monitoramento dos veículos, mas também o desligamento remoto do caminhão e o informe às autoridades policiais. Um exemplo recente do uso desta tecnologia está na instalação do “Botão de Pânico” nos ônibus coletivos, onde se pretende coibir a ação de abusadores através do acionamento imediato de uma unidade policial.

Em um cenário onde a velocidade é ditada pela internet, não é mais possível a administração de pedidos e ocorrências de entrega através de e-mails e lançamentos manuais em sistemas. O investimento em EDI“Electronic Data Interchange”, proporciona maior confiabilidade nos dados, eliminação de retrabalho, redução de custos e aumenta a agilidade nos processos.

O sistema de rastreamento dos Correios que representou inovação há alguns anos e trouxe certa tranquilidade aos clientes já não é mais o suficiente, principalmente quando o prazo das entregas é questão de horas. Hoje já existem aplicativos que permitem ao cliente monitorar todo o prazo de produção e entrega de uma simples pizza. Quando a empresa disponibiliza tais aplicativos aos seus motoristas e parceiros seus clientes ficarão informados sobre cada evento ocorrido durante a viagem, além do fato de que as melhores rotas podem ser escolhidas com facilidade, considerando a condição das estradas e a segurança do trajeto. Os gestores também se beneficiam desta mobilidade, já que os aplicativos podem ser integrados ao Sistema de Gestão de Transportes (TMS) e lhe fornecer em tempo real informações relevantes sobre a situação operacional e financeira da transportadora ou operador logístico.

A partir desse grande volume de dados e informações que as novas tecnologias e sistemas disponibilizam, surgem as condições ideais para que os gestores interessados possam analisar as suas operações por diversos aspectos, e a partir disso tomar as melhores decisões, reduzindo custos, melhorando prazos de entrega e atendendo cada vez melhor os seus clientes. Mas para isso é fundamental que seja criada na empresa a cultura de seguir uma rotina de analisar com frequência os relatórios e dados gerados pelos sistemas.

Existe um grande movimento no sentido de se reduzir ao máximo a intervenção humana nas atividades operacionais, portanto não limitemos nossa visão aos já conhecidos meios de distribuição. A utilização de drones e veículos autônomos já é uma realidade, a utilização de impressoras 3D para pronta entrega de produtos também, a impressão de livros e revistas já ocorre no ponto de entrega e a China agora é logo ali...Em breve teremos o teletransporte!



 
 
 

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